Livia Doro

Setembro Amarelo: conscientização e prevenção do suicídio

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Setembro Amarelo é mais do que uma simples data no calendário. É um movimento de CONSCIENTIZAÇÃO sobre a PREVENÇÃO DO SUICÍDIO, uma iniciativa fundamental para informar a população sobre a importância de cuidar da SAÚDE MENTAL e como isso pode salvar vidas. Embora concentre-se no mês de setembro, a campanha estende-se ao longo do ano, promovendo mensagens de apoio à vida e à saúde mental.

No Brasil, o Setembro Amarelo é organizado pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) sendo que o dia 10 de Setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. 

É importante compreender que o suicídio É UM FENÔMENO COMPLEXO E MULTIFATORIAL decorrente da interação entre aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Ou seja, ele não ocorre em decorrência de um único fator, não é frescura, nem falta de religião! É um importante problema de saúde pública com impactos na sociedade como um todo. 

Quase todos os casos de suicídio estão relacionados a transtornos psicológicos, principalmente os não diagnosticados ou tratados incorretamente. Por isso, CUIDAR DA SUA SAÚDE MENTAL É UMA FORMA DE PREVENÇÃO. Além disso, a maioria dos casos poderiam ser evitados com acesso a tratamento psicológico, psiquiátrico e informações de qualidade. 

Quem apresenta comportamentos relacionados a suicídio está em grande sofrimento e falar sobre o assunto tem o objetivo de incentivar a procura por ajuda. Assim, é possível encontrar novos caminhos, aperfeiçoar habilidades e aprender a viver melhor com os desafios do dia a dia.

Estratégias de cuidado da saúde mental

Não existe uma receita pronta para cuidar da sua saúde mental, mas ALGUNS COMPORTAMENTOS PODEM AJUDAR A SENTIR BEM ESTAR e funcionam como uma “proteção” para pensamentos sobre suicídio. Segue alguns exemplos:

– Cuidar da alimentação

– Praticar atividade física

– Meditar

– Dormir bem

– Manter bom nível de autoestima 

– Reduzir ou evitar álcool e outras drogas 

– Investir em relacionamentos com amigos e familiares 

– Exercitar as habilidades de resolução de problemas 

– Cultivar a espiritualidade 

– Ter um sentido existencial, razões para viver 

– Realizar o tratamento adequado para transtornos psiquiátricos 

– Fazer atividades prazerosas ou que tenham significado 

Se por acaso você não está conseguindo lidar com seus sentimentos, falhas e limitações, PROCURE O SUPORTE dos seus amigos e familiares, bem como ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras. Você também pode recorrer ao CVV, grupo de voluntários que oferecem apoio emocional gratuito, basta entrar no site ou ligar para o número 188. 

Identificar fatores de risco é fundamental

Alguns fatores podem indicar maior probabilidade para o comportamento suicida, ou seja, são os FATORES DE RISCO. Muitos indivíduos podem ter um ou mais desses fatores e não apresentar intenção suicida. Entendê-los ajuda a identificar se você ou alguém ao seu redor está sofrendo e precisa de ajuda. Esse é o primeiro passo: OBSERVAR. Segue alguns exemplos de fatores de risco:

–  Presença de transtornos psicológicos 

– Tentativas anteriores de suicídio 

– Histórico familiar de suicídio 

– Alta recente de internação psiquiátrica 

– Presença de comportamentos autolesivos 

– Abuso e dependência de álcool / outras drogas 

– Abuso sexual na infância

– Isolamento social 

– Problemas de saúde física graves ou crônicos 

Também esteja atento para frases do tipo “gostaria de sumir”, “não aguento mais viver”, “não tenho mais esperança”, “nada mais faz sentido” e para algumas variáveis cognitivas como: 

– Desesperança

– Perfeccionismo

– Sentir-se como um peso/estorvo

– Sentir que não pertencer a um grupo

– Perceber situações como insuportáveis

– Déficits nas habilidades de resolução de problemas

– Dificuldade em visualizar expectativas positivas para o futuro

– Tendência a direcionar a atenção para aspectos negativos do ambiente

Como ajudar?

Uma vez que você identificou alguém próximo com pensamentos sobre suicídio, mostre que você está DISPONÍVEL PARA AJUDAR, seja EMPÁTICO, OUÇA com atenção e SEM JULGAMENTOS, INCENTIVE A BUSCA POR PROFISSIONAIS da saúde como o psiquiatra e psicólogo. Ah! E nesse momento EVITE dar conselhos, fazer comparações, críticas e piadinhas. Cada vida importa e podemos construir uma vida mais leve,  esperançosa e com qualidade a partir do tratamento adequado. Dê mais uma chance para você, cuide-se e peça ajuda. 

Caixa da esperança

Lembrar do que é significativo para nós deixa o dia mais leve, não é!? E se a gente transformasse as boas recordações em algo físico? Essa é a proposta da caixa da esperança. 

Em uma caixinha junte tudo aquilo que te lembra por que a vida faz sentido. Coloque aquele livro que te inspirou, textos e poesias que trazem mensagens de bom ânimo; reúna objetos, cartões e fotos das relações que fazem você se sentir amado; e não se esqueça das recordações do seu animal de estimação. 

Nos momentos difíceis, respire fundo e olhe para todas essas lembranças. Com certeza elas vão trazer um pouco mais de felicidade e esperança. 

Sobreviventes

Além de agir para previnir o comportamento suicida, também é importante cuidar das pessoas que perderam alguém por suicídio. A pósvenção significa realizar intervenções e atividades que procuram dar suporte emocional para os enlutados, permitindo elaborar questões relacionadas ao luto, a culpa, a vergonha, a esperança e a vida. 

Referências

  1. Site https://www.setembroamarelo.com/
  2. Site https://www.setembroamarelo.org.br/
  3. Ebook Compreensão, avaliação e manejo do comportamento suicida: um guia para profissionais da saúde – Artmed
  4. Suicídio. Saber, agir e prevenir – Ministério da saúde 
  5. Cartilha de prevenção ao suicídio: como ajudar? – Antônio Geraldo da Silva, Brenda Ali Gomes Leal dos Santos, Simone Paes dos Santos – ABP e CFM
  6. Informações Importantes sobre doenças mentais e suicídio – ABP e CFM
  7. Cartilha Falando Abertamente sobre suicídio – CVV
  8. Carta aos pais, responsáveis e educadores – ABP e CFM
  9. Suicídio informando para previnir – ABP e CFM
  10. Site https://www.cvv.org.br/
  11. Cartilha para a prevenção da automutilação e do suicídio
  12. Cartilha para a prevenção da automutilação e do suicídio. Orientação para educadores e profissionais da saúde
  13. Livro Crise Suicída –  Neury José Botega

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